O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta quinta-feira (16) que está “determinado” a garantir o retorno de todos os corpos de israelenses sequestrados pelo Hamas, que reafirmou seu compromisso em devolvê-los, mas advertiu que o processo “levará tempo” devido às condições críticas na Faixa de Gaza. Israel acusa o movimento palestino de violar o acordo de cessar-fogo, firmado após mais de dois anos de conflito iniciado com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. O atentado, considerado o mais violento da história do país, deixou 1.221 mortos — a maioria civis — e resultou no sequestro de 251 pessoas levadas a Gaza.

Pelo acordo, o Hamas deveria devolver todos os reféns, vivos e mortos, em até 72 horas após o início do cessar-fogo, prazo encerrado na segunda-feira (13). O grupo libertou 20 reféns vivos e entregou 9 dos 28 corpos prometidos. Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (17), o Hamas disse que entregou os corpos “aos quais teve acesso”, ressaltando que parte deles estaria enterrada em túneis destruídos por Israel ou sob escombros de prédios bombardeados.

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Durante cerimônia no Monte Herzl, em Jerusalém, Netanyahu reforçou o compromisso de trazer todos os reféns e vítimas de volta. “Estamos determinados a garantir o retorno de todos os reféns”, afirmou. Em contrapartida, Israel já entregou 120 corpos de palestinos. A Turquia anunciou o envio de 80 especialistas para ajudar nas buscas por corpos, incluindo os de reféns israelenses. Tensão com o Hamas e ameaça de retomada dos combates

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, advertiu na quarta-feira (15) que Israel retomará os combates “em coordenação com os Estados Unidos” caso o Hamas não cumpra integralmente o acordo. O presidente americano Donald Trump também elevou o tom e ameaçou “matar” integrantes do Hamas caso o grupo “não pare de matar pessoas” em Gaza. A declaração faz referência a uma onda de execuções promovida pelo Hamas contra civis, em uma tentativa de reafirmar o controle sobre o território.

O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos pediu ao governo israelense que suspenda a implementação do acordo até que o Hamas devolva todos os corpos e reféns, vivos ou mortos. Entre os familiares que conseguiram reencontros, está Silvia Cunio, argentina que vive em Israel. Ela recuperou os filhos Ariel e David, sequestrados em 2023. “Durante dois anos, não respirei. Durante dois anos, senti que não tinha ar”, relatou.

A primeira fase do acordo prevê ainda a retirada parcial das tropas israelenses de Gaza e a ampliação da entrada de ajuda humanitária. A segunda etapa inclui negociações sobre o desarmamento e expulsão do Hamas e a continuidade da retirada militar. Israel controla todos os acessos à Faixa de Gaza, incluindo o posto de Rafah, na fronteira com o Egito, que deve ser reaberto no domingo (19), segundo o chanceler Gideon Saar.

O diretor de operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher, cobrou que Israel permita o envio de ajuda em larga escala ao enclave. A ofensiva israelense já deixou mais de 67,9 mil mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde local, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a disseminação de doenças está “fora de controle”, enquanto a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC) aponta para um cenário de fome extrema.

“Não há água limpa, nem mesmo água salgada”, relatou Mustafa Mahram, morador deslocado que retornou a Gaza. “Não temos as coisas mais básicas para a vida — nem comida, nem bebida, nada.”

*Com informações da AFP



source https://jovempan.com.br/noticias/mundo/netanyahu-promete-recuperar-todos-os-corpos-de-israelenses-sequestrados-pelo-hamas.html