De acordo com uma pesquisa encomendada pela IBM e conduzida pela Morning Consult em parceria com a Lopez Research, 78% das companhias no Brasil planejam aumentar suas verbas em tecnologia até o final de 2025. Ao analisar esse cenário e as estatísticas negativas do mercado em 2024, referente ao Indicador de Falência e Recuperação Judicial da Serasa Experian, com recordes de pedidos de falência, o advogado e empreendedor Fernando Gomes Xavier resolveu agir.

“Por ter visto meu pai abrir mão do seu próprio escritório enquanto eu ainda cursava direito, decidi ajudar as pessoas porque senti na pele o que a falta de gestão pode fazer com as famílias e seus negócios. Isso me marcou muito e se transformou em uma missão de vida: ajudar advogados a tratar a administração com o mesmo rigor com que tratam o conhecimento jurídico”, afirma o executivo.

Em entrevista exclusiva ao portal Jovem Pan, Xavier ressalta que talento pode, sim, abrir portas, mas o que sustenta resultados é disciplina, gestão e foco no cliente. “É certo que o uso correto da inteligência artificial na rotina ou atendimento aos clientes na advocacia pode otimizar resultados. Aliás, aqui, precisamos considerar alguns universos existentes dentro do mercado jurídico. A rotina muda muito de uma advocacia mais sofisticada para uma advocacia de volume. Assim como também há muita diferença entre a advocacia empresarial e a advocacia para pessoa física e existem fórmulas que permitem eficiência em vários níveis”.

Como o direito pode ser beneficiado com o uso da IA e vice-versa

A jornada de Fernando Gomes Xavier começou com o sonho de cursar direito inspirado pela família. “No início da minha carreira, tive uma experiência pouco usual para quem sai da faculdade: aprendi na prática o que a sala de aula não mostra, tendo comigo a responsabilidade de captar clientes, sem experiência nenhuma. Depois de passar mais de um ano sem fechar um contrato sequer, resolvi criar um método próprio de captação e gestão. Assim, ao aplicar meus protocolos, cheguei a trazer mais de R$ 20 milhões em honorários para a banca antes de sair para criar meu próprio negócio”, conta.

Hoje estando à frente de duas empresas, o executivo comemora a marca de ter faturado em 2025 mais de R$ 5 milhões, consolidando a ideia de combinar serviços sob medida para escritórios de advocacia e soluções inovadoras em legaltech. “É preciso entender que a IA não escreve a tese do escritório: ela tira o atrito do processo para que o advogado concentre energia na estratégia e isso otimiza todo a rotina, auxiliando também na produtividade”.

A veia empreendedora o levou, em seguida, a criar e liderar iniciativas em tecnologia jurídica, da construção de software a hubs setoriais. Em uma dessas frentes, a ferramenta desenvolvida foi escolhida pela OAB Federal e alcançou mais de 100 mil usuários e aproximadamente 5 mil assinantes, sustentada por uma rodada de investimento-anjo e uma equipe de 20 pessoas. No meio do caminho, nem todos os projetos prosperaram, mas os aprendizados em produto e governança foram decisivos.

Problemas reais otimizados para melhoria de estratégia

O especialista que fundou a consultoria em gestão para escritórios de advocacia também está à frente da New Lever, empresa de IA Jurídica responsável por desenvolver o produto Contesta.ai, que elabora contestações com inteligência artificial utilizando modelos de vivência em meio ao seu próprio escritório. “Meu foco é sempre conectar as duas pontas: estratégia e execução na consultoria, com tecnologia e dados na plataforma de IA. Assim conseguiremos gerar ainda mais valor para os clientes, expandindo conhecimento ao aculturar o mercado sobre as novas possibilidades existentes. É preciso abrir os olhos e a mente para uma nova forma de administrar os negócios”, afirma.

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De todos os desafios enfrentados, o que mais incomoda os advogados empresários, na opinião de Xavier, se refere ao teto de crescimento. “Essa é uma pergunta que escuto com frequência geralmente de sócios que sentem que há algo travando seu desenvolvimento. O interessante é que na maior parte das vezes, a resposta não está no mercado ou na qualidade da entrega, e sim, na ausência de estratégia e estrutura comercial. É fácil e comum se perder no volume de reuniões, trocas de e-mails e follow-ups improvisados, sem visão e adotando uma postura sem eficiência comercial. É possível fazer diferente com as melhores práticas de gestão e o uso da IA.”



source https://jovempan.com.br/noticias/tecnologia/empreendedor-foca-em-gestao-e-inteligencia-artificial-no-setor-juridico.html